Saí de casa
meio Drummond.
...
(Parece que vai chover
mas aqui dentro faz sol
mesmo que seja noite.)
Saí vendo cor em tudo
ouvindo a voz de cada coisa
lembrando e amando
quem não tenho.
Caminho em passos imóveis
dentro de um automóvel
com ar condicionado
e som baixinho.
As ruas são as mesmas
e mesmo assim
tudo agora é diferente.
É só olhar com outros olhos.
Olhos que não são meus.
Como é bonito sentir
que minha acensão intelectual
independe do tempo
dentro ou fora.
Sou um pouquinho que seja
uma semente mais aberta
nesta hora.
Voltei pra casa
e percebo
talvez pela primeira vez
como me sinto.
Eu sou a própria pedra
no meu caminho.
Ígor Andrade
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Um comentário:
Todo Drummond, pela introspecção, pela soma entre o subjetivo e o objetivo, pelo lirismo que desdenha das rimas: muito bom!
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