terça-feira, 27 de agosto de 2013

Café puro


Tudo muda o tempo todo.
O tempo todo muda tudo.
O todo muda o tempo.
A muda é tudo.


Ígor Andrade

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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Mais um calo


De vez em quando sou feliz.
Sem saber da felicidade.

O sono tranquilo
depois da declaração de amor.

Semanas dormindo de olho aberto.

O dia começa.
Vou padecer em qualquer lugar.
Pelo menos tem peito de frango pro almoço.

A gente é o que a gente come?
Vou ciscar nas palavras...

Estômago que ronca saudade escreve melhor.
De vez em quando sou o que quero ser.


Ígor Andrade

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domingo, 25 de agosto de 2013

Você pensa que é fácil?


Sou aquele que sofre
sem sofrer.
Dizendo que tudo é dor.
Sem doer de fato.

O porta-retrato
foi pro mato...
Tudo nesse mundo é morte!
Sou de Marte e não tenho sorte.
Forte foi meu cão que faleceu.

(Tato gelado que se irrita com a suadeira. Na beira do abismo uma pêra. Eu queria, mas não posso. Eu passo. E vou passando...)

É como ter um ácido no estômago
que queima sem queimar.
E sem querer eu digo o que penso
sem pensar.

Estou próximo de mim
mas sou longe.
Monge lascado de fome.
Nome de imperador na boca do sapo.
Papo de maluco.

Onde está aquilo que saí a procurar por tanto tempo?


Ígor Andrade

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sábado, 24 de agosto de 2013

Ver(de)


De tanto caminhar na escuridão
(desarmado e mudo)
me acostumei a não enxergar
o próximo passo.
Cansaço
de trinta e dois anos
e alguns dias.

Passei até aqui
uma vida de raiva e ódio
e ócio.
Um tal negócio
que não sei negociar.

Tenho alguma consciência
de que isso tudo não me faz um sujeito melhor.
Mas alimenta um monstro
que crio cuidadosamente
e é necessário.

Só me resta deixá-lo crescer...


Ígor Andrade

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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Melatonina


Desmedidamente meu dia amanhece. 
Esqueço do frio. 
Minha mente aquece 
qualquer sentimento. 
Não minto 
minha insurgente desmesura.
A xícara com café amargo apura 
meu paladar sofrido. 
Tenho sido muito pouco. 
Eu preciso de mais para sobreviver.


Ígor Andrade

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